quarta-feira, 29 de abril de 2009

Eu nem imaginava que esse caminho que trilhei definiria minha tragetória profissional. Aos 17 anos comecei a cavar meu próprio poço.

Em menos de dois anos já fazia os papeis principais nas coreografias de jazz. Onde dançava chamava a atenção de profesosres, jurados e leigos desconhehcidos. Pra que mudar? Mexer no que está ganhando?

Quem me disse que eu estava ganhando alguma coisa? Estava perdendo. E perdendo um tesouro que era o Tempo.

Aos 22 anos resolvi fazer clássico, na ponta. Fui convidada então pensei: vamos lá. Estava disposta a melhorar e queria muito crescer.

Foi um fiasco. Era uma turma adiantada e muito mais jovem que eu. O constrangimento foi enorme. Não tive a orientação adequada pela professora, muito menos correção.

Parece que estava ali para ser humilhada. Comecei a sentir um choque no joelho direito. Não sei explicar muito bem, mas a impressão que tinha era de estava tomando choque cada vez que tentava subir na ponta.

Comuniquei a professora que nem preciso dizer que me ignorou. Fiquei com a região do joelho adormecida. Não sentia a pele.

Desisti. Desiste porque eu dançava muito bem o jazz e não queria me machucar e não dançar mais nada. Nunca mais voltei.

Ou melhor, voltei sim, muitos anos depois. Mas essa é uma outra historia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

1982

Tem coisas que acontecem como tem que acontecer. Nada acontece antes ou depois da hora. Mas como acredito que viemo com uma história a viver e compartilhar, sei que podemos, por uma incaltice perder alguns capitulos dessa história ou mesmo até muda-los.

Não gostava de Ballet Classico, tirava sarro de minha irmã dizendo que ela andava com a bunda apertada e para dentro(fazendo referencia a postura do quadril em alinhamento de um bailarino). Que burra, mal sabia eu que cairia em tentação a essa arte maravilhosa e perfeita que nos faz tirar sei lá de onde sentimentos profundos.

Pelo regulamento da Escola Municipal de bailado do estado de São Paulo, eu era velha pra ingressar nos crusos. Não fazia questão, nem me importei. Minha foi aceita tinha dois anos a menos que eu.

Fui procurar uma academia onde tinham aulas mais agitadas, barulhentas e com alguns gritinhos no meio da coreografia. Fui estudar Jazz.

Adorei de paixão. Realizei meu sonho de dançar, de expressar alegria, raiva, revolta, sensualidade. Eu era muitos personagens, e um deles uma incalta.

Sobressaia nas aulas, me convidavam pra dançar nos grupos amadores. Era bonita e muito expressiva. Meu corpo falava. Falava o que o coreografo queria, falava o que eu queria. Falava o que eu escondia.

Uma voz dentro de mim dizia, insistia, me pertubava. Vá fazer ballet classico. Vá fazer ballet classico.

Ignorei. Ignorada fui alguns anos depois.