quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bailarinas em letras e pinceis

Nem só os praticantes da dança é que amam imagens, fotos, desenhos de bailarinas. Alguns desses nunca dançaram...
Mas que amam a dança e reproduzem-na de uma bela forma.


COPACABANA, POSTO 3

Ninguém chora a morte da bailarina
Numa tarde fria de um mar cinzento.
O esquife espreita a vida
Através da janela do nono apartamento.
A manchete do matutino perdeu atualidade:
"Suicídio no Posto 3"- Esquecimento... esquecimento.
E a menina demente do décimo andar
Vai cortando bonecos de papel que se perdem ao vento...

Ninguém chora a morte da bailarina
Numa tarde fria de um mar cinzento!


DJALMA

Sensual Idade
O pintor e a bailarina
Lembro-a com sonhos de artista
vivendo em Montmartre
a jovem amante do pintor.
Estudante de dança, com 23 anos.
Ele era mais velho, mais perto do fim
e tinha um olhar desiludido e intenso.
Olhos de quem viu demais
por paixão e profissão,
Medidor de gestos e pensamentos
litúrgico e complexo na sensualidade…
E ela, louca e jovem, despia-se para ele
que pintava com fúria, ou com doçura,
conformes à fúria e à doçura dos enlaces acontecidos…
Só desciam de casa, na Place du Tertre
duas vezes por semana, para buscar comida,
pois viviam enfiados na alcova
no caótico estúdio do pintor
entre tintas, telas, pincéis, projectos e lençóis,
num ninho de arte e amor.
Um dia ele disse-lhe:
- És jovem, quero que partas!
Ela disse que não. Chorou…
Ele insistiu. Ela tinha de viver a vida. Dançar. Saltar.
Corpo de garça, graça de arlequim, como disse o outro.
O seu sorriso fez-se triste.
Mas o velho pintor foi insistente.
Voar era preciso!
O sonho teria de cumprir-se.
- Ela era afinal uma bailarina…
E ela partiu, com a morte na alma.
Durante um tempo sentiu-se como órfã
e as cores do mundo todo pareciam-lhe vazias.
Correu a Paris de noite, dos clubes e bas fonds
Onde viveu de tudo e de mais.
Mas apesar de todas as loucuras e orgias
Todos os gozos e prazeres da idade
o seu sorriso, ao pôr-do-sol, nas Tulherias…
era demasiado triste para viver assim,
sem o companheiro artista, sem a presença da cor.
Aí, escolheu um pássaro para parceiro de vida.
Era um pássaro exuberante, lindíssimo.
Enchia-lhe o quarto de cantos e de mil cores.
Durante um tempo, ele ia para onde ela fosse
preso no seu ombro amigo e confidente.
O mais belo, seguro e exótico,
O melhor de todos os companheiros.
Mas anos depois, num dia triste,
já era ela então bailarina de sucesso,
veio a saber, por acaso, que o pintor morrera.
Nesse instante, olhou o pássaro de cores fascinantes
reflectiu melhor, e decidiu soltá-lo.
Também ela compreendera
que ele tinha de voar, saltar, dançar ao sol.
E libertou-o no cais do Sena
com um lágrima rolando pela face
num dia de nevoeiro de poesia,
assim devolvendo as cores que roubara à Natureza
em memória do velho pintor que já partira
e que nunca mais as poderia criar.

Pedro Barroso

Sem Titulo

Não é que fosse uma pessoa triste, mas a solidão a acompanhava.
Por mais que tentasse não ser mais assim, a vida lhe colocava em situações em que no final de tudo, só lhe restava a solidão.
Esta companheira bandida e indesejada. Há quem o diga que é necessária, mas estas são as pessoas mais rodeadas de gente possível.
È fácil falar de um mundo que não lhe pertence, de um sentimento que você não sente e de uma vida que você não teme. È fácil montar e concretizar lindas fantasias para um futuro que já lhe é certo mas, não julgue aquelas pessoas que não o fazem, não que não queiram ou não saibam fazer mas, não fazem por não ter uma perspectiva ou um projeto de vida. Por mais que a julguem sem iniciativa, é pessoa disposta a ser feliz. Deixa as portas e janelas sempre abertas para as oportunidades, mas o vento ainda insiste em bate-las com toda a sua força.
È pessoa triste porque a vida lhe molda assim, à semelhança da imperfeição, à margem da derrota e à disposição da loucura.

Manuela Alves


Sem Titulo
Soledad, melancolía...
se deslizan por tus versos.
Hermosa coreografía
de tu mágico universo.


De sentimientos que brotan
y fluyen en tus palabras.
Y de esperanzas que flotan
en el mar que te acompaña...


Que busca tu compañía.
Ese mar donde se bañan
felicidad y utopía.
Ese mar que te regala...


Su sonrisa en cada ola.
Con su amoroso rumor,
te dice que no estás sola.
Ese mar donde tu sol...


Se acuesta tras su jornada.
No encontró mejor lugar,
donde poder descansar,
que a la luz de tu mirada.


Dejas que te bese el viento.
Que te acaricie, la brisa.
Que te abracen, los momentos...
que van tejiendo tu vida.


Una vida que te quiere.
Una vida que tú amas.
Ese paraíso, en ciernes,
que creas con tu mirada.


Tu mirada de poeta.
Esa tu mirada, Carla.
Mirada de la belleza,
por la que asoma tu alma.

BERNARDO MARTÍ





4 comentários:

  1. Acho que gosto tanto do assunto justamente porque não sei dançar e isso me faz falta. rsrs. Bjos.

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  2. Moro no interior da Bahia, Feira de Santana. Ah, mas já passei dos 40, não sei se tenho coragem não. rsrs. Obrigada pelo convite mesmo assim, adorei.

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  3. Ai, hoje eu não tô podendo com isso...

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  4. ééé... Bailarinas inspiraram artistas e escritores através dos tempos... Degas, que eu adoro... E vários pintores visitavam os ensaios do Ballet Russes também! Dali fez figurinos pra eles. Já viu esse doc? Fantastico!

    Beijos =D

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